Temas de Literatura em Português - 2. semestre

Objetivos

a) Familiarizar os alunos com algumas obras da literatura portuguesa do século XX;
b) Estudar a importância que o passeio tem nalguma poesia portuguesa;
c) Analisar como os textos seleccionados perturbam as compreensões mais
convencionais do passeio, sobretudo no que diz respeito às palavras que gravitam no seu
campo lexical: viagem, flânerie, deambulação, dissidência, peregrinação,
vagabundagem;
d) Adquirir capacidade para propor novas leituras a partir das obras contempladas
no programa;

Caracterização geral

Código

722091126

Créditos

10

Professor responsável

Golgona Anghel

Horas

Semanais - 3 letivas + 1 tutorial

Totais - A disponibilizar brevemente

Idioma de ensino

Português

Pré-requisitos

Não tem.

Bibliografia

Al Berto, O Medo, Lisboa, Assírio & Alvim, 2005.
Andrade, Eugénio de, Os Lugares do Lume (1998), in Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim,
2005, pp. 591-613.
Belo, Ruy, Todos os Poemas, 3ª edição, Lisboa, Assírio & Alvim, 2009.
Cesariny, Mário, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvim, 2017.
Cinatty, Ruy, Obra Poética I, Lisboa, Assírio & Alvim, 2016.
Helder, Herberto, Photomaton & Vox (1979), Lisboa, Assírio & Alvim, 2006.

Método de ensino

Leitura de textos teóricos e textos literários, traçando a partir deles linhas de
conceptualização que constroem teorias. Análise e discussão de teses, construção de
problemas.

Método de avaliação

Participação em aula: 20%.
Elaboração de um trabalho escrito de 10 a 15 páginas, a partir dos problemas
discutidos nas aulas: 80%

Conteúdo

O passeio parisiense, a flânerie, descrita por Walter Benjamin nos anos vinte é
utilizada pelos dadaístas como forma artística que se inscreve imediatamente no espaço
real e no tempo real. O flâneur encarna esta arte da deambulação como gesto de
decifração e de descoberta de uma paisagem enigmática onde o que importa não é o
reconhecimento dos signos, mas o seu encontro inaugural. Não é, no entanto, a flânerie
dos dadaístas, nem a escrita automática no espaço real enquanto deambulação de André
Breton (ou de Louis Aragon, Max Morise ou Roger Vitrac, entre outros) que nos interessa
aqui pensar.
Interessa-nos, antes, estudar um aspecto colateral que a flânerie profetiza: a
importância que o passeio adquire nalguma poesia portuguesa do século XX. Importa ver
de que modo o passeio se tem tornado contíguo a uma forma de pensamento. Queremos
perceber em que condições pensar e passear são uma e a mesma coisa. Procuramos isso:
um pensamento que deambula, que segue o compasso de um movimento.
Tópicos: 1. Eugénio de Andrade: «poesia ao ar livre»; 2. Ruy Cinatti: «pelo mundo
em pedaços repartido»; 3. Mário Cesariny: «agitação e vagabundagem»; 4. Herberto
Helder: «a caligrafia extrema do mundo»; 5. Ruy Belo: «o fugitivo, o intervalo, o
desencontro»; 6. Al Berto: «fugir ao tempo».