Sociologia e História da Alimentação
Objetivos
Esta unidade curricular pretende fornecer aptidões para a compreensão do fenómeno alimentar em toda a sua complexidade.
No final da unidade curricular o estudante devera ter conhecimentos sobre:
a) A evolução das práticas alimentares da Humanidade das origens à atualidade;
b) O corpo e a saúde como construção social. Principais conceitos sociológicos relevantes para a análise dos condicionantes sociais no processo saúde-doença e sua relação com a alimentação na sociedade contemporânea.
c) O ato alimentar e os hábitos alimentares adquiridos no processo de socialização;
d) Os alimentos analisados numa perspetiva política, ética, de sustentabilidade e de risco.
Caracterização geral
Código
41002
Créditos
3
Professor responsável
Prof.ª Doutora Iva Miranda Pires
Horas
Semanais - A disponibilizar brevemente
Totais - A disponibilizar brevemente
Idioma de ensino
Português
Pré-requisitos
Bibliografia
Barreto M, Gaio V, Kislaya I, Antunes L, Rodrigues AP, Silva AC, Vargas P, Prokopenko T, Santos AJ, Namorado S, Gil AP, Alves CA, Castilho E, Cordeiro E, Dinis A, Nunes B, Dias CM. (2016). 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015): Estado de Saúde. Lisboa: INSA IP.
Beck, Ulrich, (1992). Risk society. Towards a New Modernity, Londres: Sage.
Berry et al. (2015). Food security and sustainability: can one exist without the other?. Public Health Nutrition: 18(13), 22932302
Bevilacqua, S. (2010). Un « régime méditerranéen » bon à penser, Anthropology of food 7 / dezembro, http://aof.revues.org/6600.
Braga, Isabel M.Drumond (2010). Sabores do Brasil em Portugal. Descobrir e transformar novos alimentos (séculos XVI-XXI), Editora Senac, São Paulo.
Capone, Roberto et al (2014). Food System Sustainability and Food Security: Connecting the Dots. Journal of Food Security, Vol. 2, No. 1, 13-22.
Carapinheiro, Graça (1986). A saúde no contexto da sociologia, Sociologia Problemas e Práticas (1) 9-22.
Davidson, Alan (2015). Social Determinants of Health a comparative approach. London: Oxford University Press.
Evans, D. (2012). Beyond the throwaway society: ordinary domestic practice and a sociological approach to household food waste. Sociology 46(1) 4156.
Fichler, Claude, L'homnivore (1990). Le goût, la cuisine et le corps, Odile Jacob, Paris.
Flandrin, Jean-Louis - Montanari, Massimo (1996). Histoire de lalimentation, Fayard, Paris.
Gaio, V., Antunes L, Namorado S, Barreto M, Gil, A.P., Kyslaya I., Rodrigues AP, Santos A, Bøhler L, Castilho E, Vargas P, do Carmo I, Nunes B, Dias CM (2017). Prevalence of overweight and obesity in Portugal: Results from the First Portuguese Health Examination Survey (INSEF). Obesity Research & Clinical Practice, 12. pii: S1871-403X(17)30077-7. doi: 10.1016/j.orcp.2017.08.002. [Epub ahead of print] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28916268.
Gregório, Maria João, Pedro Graça, Andreia Costa, e Paulo Jorge Nogueira (2014). Time and Regional perspectives of food insecurity during the economic crisis in Portugal, 2011-2013. Saúde e Sociedade, Vol.23 (4): 1127-1141.
Instituto de Medições e Avaliação da Saúde (IHME), (2019). "Health effects of dietary risks in 195 countries, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017" , Lancet, Washington,in https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(19)30041-8/fulltext
Marmot, Michael (2005). Social determinants of Health Inequalities. The Lancet vol 365, 2005: 1099-1104.
Mcqueen, D., Kickbusch, I, Potvin, L.; Pelikan, J., Balbo, L., Abel, A. (2007). Health modernity - The Role of Theory in Health Promotion, Springer.
Murphy, Sophia e Schiavoni, Christina M. (2017). Dez anos após a crise alimentar mundial: enfrentar o desafio do direito à alimentação. Observatório do Direito à Alimentação e Nutrição, pp 19-30.
Namorado S, Santos J, Antunes L, Kislaya I, Santos AJ, Castilho E, Cordeiro E, Dinis A, Barreto M, Gaio V, Gil AP, Rodrigues AP, Silva AC, Alves CA, Vargas P, Prokopenko T, Nunes B, Dias CM. (2017). 1º Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF 2015): Estado de Saúde. Lisboa: INSA IP.
Nettleton, Sarah (2006). The sociology of the body. In The sociology of health and Illness. Cambridge: Polity Press (pp. 104-136)
Ornellas e Castro, Inês de (2011). Prática médica e alimentação nos textos portugueses seiscentistas in Fontes da Costa, P. e Cardoso, A. (coord.) Percursos na História do Livro Médico (1450-1800),Colibri, Lisboa, 73-91.
Ornellas e Castro, Inês de (2012). Discursos e Rituais na Mesa Romana: luxo, moralismo e equívocos in Carmen Soares e Paula Barata Dias (coord.), Contributos para a História da Alimentação na Antiguidade, col. Humanitas Supplementum, 69-79. URL: https://bdigital.sib.uc.pt/jspui/handle/123456789/126
Palfrey, C. (2018). The future for Health promotion, Policy Press. Nettleton, Sarah (2006) The sociology of the body. In The sociology of health and Illness. Cambridge: Polity Press (pp. 104-136)
Pires, Iva (2018). Desperdício Alimentar. Série Ensaios, nº86. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Poulain, Jean-Pierre (2004). A obesidade e a medicalização da alimentação cotidiana. In Sociologia da Alimentação: os comedores e o espaço social alimentar. Florianópolis: UFSC. (pp. 113-147)
Prüss-Ustün J. Wolf C. Corvalán T. Neville R. Bos M. Neira (2017). Diseases due to unhealthy environments: an updated estimate of the global burden of disease attributable to environmental determinants of health, Journal of Public Health, Volume 39, Issue 3, 1 September, Pages 464475.
Richter, B., (2017). Knowledge and perception of food waste among German consumers. J. Clean. Prod. 166, 641-648.
Silva, L. (2008). Saber Prático de Saúde. As lógicas do Saudável no Quotidiano, Porto: Edições Afrontamento.
Silva, L. F (2013). Saúde e Doença no saber Leigo, in Alves, Fátima (Org.), Saúde, Medicina e Sociedade. Uma visão sociológica, Lisboa: Pactor, p. 171-178.
Sobral, J. M. (2007). Nacionalismo, Culinária e Classe: a Cozinha Portuguesa da Obscuridade à Consagração (séculos XIX-XX), in Ruris, 2, Revista do Centro de Estudos Rurais e Urbanos, IFCH-Unicamp, Campinas: 13-52.
Zundel, Trudi e Ribeiro, Silvia (2018). Que Comam dados! Quando os alimentos se tornam imateriais: confrontar a era digital. Observatório do Direito à Alimentação e Nutrição
Método de ensino
A UC está organizada em aulas teóricas: duas aulas teóricas semanais de carácter expositivo com a duração de 50 min cada. As sessões de cada um dos módulos do programa serão asseguradas por docentes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Método de avaliação
A avaliação inclui um trabalho e um exame final, quantiicado este entre 0 e 20 valores.
Conteúdo
Introdução
Introdução ao programa, sua estrutura e conteúdo, forma de funcionamento das aulas e modos de avaliação (Iva Pires)
I. História da Alimentação
Docente: Inês Ornellas de Castro
1. O alimento como medicamento:
1.1 Dos primeiros passos da dietética ao Canône de Autoridades Ocidental
1.2 Das Teorias dos Humores e da Grande Cadeia dos Seres: a construção e a evolução de uma doutrina
1.3 Das três fases da cura: a importância do regime alimentar
1.4 Dos alimentos nos tratados de higiene portugueses até ao século XVIII
2. Partilhar um território, partilhar uma cultura (Mediterrâneo Antigo e Europa Medieval):
2.1 Espaço rural/urbano: organização do espaço agrícola e ideais de regime autárcico
2.2 Religiões e liturgia da mesa: alimentos da imortalidade e cozinha sacrificial
2.3 Rotas comerciais marítimas e recursos fluviais: luxos versus recursos
2.4 Formas ancestrais de conservação de produtos alimentares
3. A Europa e as heranças (des)continuadas
3.1 Hortos e cozinhas conventuais: açúcares, mezinhas e perfumes
3.2 Mel e açúcar de cana
3.3 O regresso das especiarias e os Descobrimentos
4. O século XVI e a divulgação de espécies do Oriente e do Novo Mundo
4.1 Géneros e dietas alimentares: as variáveis dos regimes alimentares
4.2 A assimilação de novos produtos nos espaços ibérico e mediterrânico: o perú, o milho maiz, a batata, o tomate, etc...
4.3 A introdução das novas bebidas de sociabilidade: chá, café e chocolate.
5. Alimentação e convivialidade
5.1 Dos modelos de sociabilidade à mesa: o espaço, o corpo e o serviço
5.2 Do serviço à Francesa ao serviço à Russa: implicação nas escolhas de produtos e nas técnicas de cozinha
6. Estética, "Bom gosto" e cozinhas identitárias
6.1 A estética da mesa e o triunfo do conceito de "bom gosto" (finais do século XVII-XVIII)
6.2 Os livros de cozinha: a hegemonia da cozinha "à francesa" na Europa; as primeiras receitas "à portuguesa"
II. Sociologia da Saúde e da Alimentação
Docentes: Helena Serra e Ana Paula Gil
1. A construção social da saúde e da doença
2. O corpo e a saúde como construção social
3. Os Determinantes da Saúde num mundo globalizado
4. Estado de Saúde da população portuguesa e seus determinantes: comportamentos saudáveis versus de risco
5. Saudável no quotidiano e a promoção da saúde
6. Alterações nas conceções de dieta e saúde
6.1. Dietas, obesidade e as imagens do corpo
6.2. Obesidade e medicalização do consumo alimentar
7. A alimentação e construção de identidades
III. Os Desafios Futuros da Alimentação no Contexto do Antropoceno
Docente: Iva Pires
1. Globalização e alimentação no século XXI: da produção à distribuição de alimentos; a globalização das cadeias alimentares
2. Tendências de finaceirização, desmaterialização e digitalização dos alimentos
3. Os alimentos analisados numa perspetiva política, ética, de sustentabilidade e risco
3.1 Soberania alimentar
3.2 Segurança alimentar
3.3 Desperdício alimentar
3.4 Riscos e Segurança do alimento
4. Temas polémicos em torno do alimento e da alimentação
4. 1 OGMs, sim ou não?
4.2 Consumo de carne, é mesmo necessário reduzir?
4.3 O uso de agrotóxicos e o impacto no ambiente e na saúde humana
5. Ligando a História, a Sociologia, a Saúde Humana e a Sustentabilidade
Aprender com o passado para promover dietas saudáveis e sistemas alimentares sustentáveis para alimentar 9 mil milhões de habitantes dentro do espaço operativo seguro da Humanidade