Arte da Crónica

Objetivos

Enquadrar as origens e atualidade da crónica em língua portuguesa como género literário em todas as suas vertentes. Isto é, uma expressão artística e jornalística aberta a todas as influências e formas, ao acompanhamento da História no tempo atual, à revisitação do passado e da memória (coletiva e individual) e que, nos melhores casos, constitui literatura que não envelhece. Aprender com os mestres (ver bibliografia) o domínio da linguagem, da metáfora, da oralidade, da descrição, da referência culta, do humor, da emoção e da surpresa. Saber usar o que é realidade e o que é ficção, respeitando o compromisso total com a verdade (e com o leitor), mesmo na pura invenção. Dar meios e tempo aos estudantes para escreverem em casa e comentarem nas aulas, com profundidade, as crónicas escritas por todos (em regime de voluntariado nas sessões para tais reservadas). Ajudar os estudantes a encontrar as suas próprias temáticas e a, como se diz, sua voz. Aprender técnicas específicas de início, meio e fim de uma crónica. Saber separar uma crónica de valor das “crónicas” pseudoliterárias, lamechas e/ou com agenda pessoal escondida que enxameiam a comunicação social. Escrever com emoção e graça, nem que seja sobre os nossos pesadelos e os nossos mortos.

Caracterização geral

Código

722091163

Créditos

10.0

Professor responsável

Rui Carlos Marmelo Cardoso Martins

Horas

Semanais - 3

Totais - 280

Idioma de ensino

Português

Pré-requisitos

A disponibilizar brevemente

Bibliografia

  • ASSIS, MACHADO DE, Crônicas Escolhidas, Organização, introdução e notas de John Gledson, Penguin-Companhia das Letras, 2008.
  • BRAGA, RUBEM, Crônicas Escolhidas, as melhores de Rubem Braga, Ed. Record, Rio de Janeiro, São Paulo, 2001.
  • MENDES CAMPOS, PAULO, O Amor Acaba,  Crônicas Líricas e Existenciais, Companhia das Letras, 2013.
  • PINA, MANUEL ANTÓNIO, Crónica, Saudade da Literatura, Assírio e Alvim, Lisboa, 2013.
  • ASSIS PACHECO, FERNANDO, Memórias de um Craque, Assírio e Alvim, Lisboa, 2005.
  • MACHADO, DINIS, A Liberdade do Drible, Quetzal, Lisboa, 2015.
  • CARDOSO PIRES, JOSÉ, A Cavalo no Diabo, crónicas do “Público” e casos privados, D. Quixote, Lisboa, 1994.
  • CARVALHO, MÁRIO DE, O Que Eu Ouvi na Barrica das Maçãs, Porto Editora, 2019.
  • RODRIGUES, NELSON, O Homem Fatal, selecção e prefácio de Pedro Mexia, Tinta-da-China, 2016.
  • O’NEILL, ALEXANDRE, Uma Coisa Em Forma de Assim, Assírio e Alvim, 2004.
  • BARROS BAPTISTA, ABEL, E Assim Sucessivamente, Tinta-da-China, 2015.
  • VARELA GOMES, PAULO, Coisismos, ed. Unicepe, Porto, 1990.
  • DO RIO, JOÃO, A Alma Encantadora das Ruas, Glaciar/Academia Brasileira das Letras, 2018.
  • LISPECTOR, CLARICE, Todas as Crónicas, Relógio D’Água, Lisboa, 2018.
  • LOBO ANTUNES, ANTÓNIO, Terceiro Livro de Crónicas, Dom Quixote, 2006.
  • CARDOSO MARTINS, RUI, Levante-se o Réu/Levante-se o Réu Outra Vez, Tinta-da-China (2015-2016)
  • ARRIGUCCI, DAVID, Fragmentos Sobre a Crónica, Enigma e Comentário, São Paulo, Companhia das Letras, 1987.
  • LOPES, PAULA CRISTINA, A Crónica (nos jornais): O que foi? O que é?, Universidade Autónoma de Lisboa.
  • CANDIDO, ANTONIO, A Vida ao Rés-do-Chão, São Paulo, Ática, 2003.
  • CASTELLO, JOSÉ, Crônica, um Gênero Brasileiro, Digestivo Cultural, Portal dos Livreiros, original de Suplemento Literário Rascunho, Curitiba, 2007.
  • KVACEC BETELLA, GABRIELA, O Lirismo no Limite; A Crônica de Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, Revista Letras, nº 78, 2009.

Método de ensino

Todos os textos mais importantes de autores em língua portuguesa (ver bibliografia) serão facultados dias antes, para que cada estudante os possa ler e analisar.
As aulas são informais, apesar de dirigidas pelo professor. O diálogo é incentivado, dentro de regras de prioridade de pedido.
O professor compromete-se, no espírito da Arte da Crónica, a trazer à discussão temas ou textos novos que surjam no mundo e nas suas leituras. O mesmo é incentivado aos estudantes.
As crónicas lidas pelos próprios nas aulas (ou, no caso de timidez ou dificuldade, lidas pelo professor) serão discutidas e criticadas pelos colegas e professor, num espírito de boa-fé.
Os/as estudantes não são obrigados a apresentar crónicas durante o tempo de aulas. Haverá sempre textos suficientes para cada aula.
Os/as estudantes não são obrigados a falar nas aulas, mas a participação é bem-vinda e tida em conta. 

Método de avaliação

Método de Avaliação - Crónica 1(50%), Crónica 2(50%)

Conteúdo

A crónica, o que é. E o que não é.
O tamanho razoável (apesar de relativamente elástico) de uma crónica.
Um cronista a sério faz-se com muitas crónicas únicas (a quantidade também conta).
“Se não estiveres disposto a conhecer-te melhor, a tua escrita não passará de um engano”. Ludwig Wittgenstein.
Como usar a própria vida na elaboração artística de uma crónica válida para ser lida por todos. Como não usar, também. Nalguns casos, como ouvir e falar com as pessoas na rua ou em instituições (exemplo: tribunais).
Como fugir ao lugar-comum e como recorrer ao mesmo, em nosso benefício.
A escolha do tema. A escolha do não tema. Quando o tema é a aflição de não ter tema (clássico dos cronistas clássicos).
Como escrever crónicas sobre os outros (sem nos incompatibilizarmos com eles).
Como escrever sobre nós próprios, sem nos colocarmos em grandes apuros.
“Eu às vezes uso frases minhas”, R. C. Martins. “Aqui estou eu, que não me deixo mentir”. Idem.

Cursos

Cursos onde a unidade curricular é leccionada: