Filosofia da Música - Fundamentos
Objectivos
- Compreender a especificidade da filosofia da música (por contraste com a história das ideias sobre a música) numa perspectiva interdisciplinar;
- Reconhecer e explorar conceitos, correntes e problemáticas no âmbito da filosofia da música desde a Antiguidade Clássica até à Contemporaneidade;
- Relacionar as matérias apresentadas e discutidas em aula com a cultura musicológica e a experiência musical em sentido amplo;
- Desenvolver capacidades de aprofundamento reflexivo, fundamentação teórica e argumentação crítica na abordagem dos temas da disciplina;
- Aprimorar competências nos âmbitos da escrita ensaística e da argumentação oral;
- Cultivar o gosto pela reflexão filosófica sobre música;
- Enriquecer a experiência estética, fomentar a sensibilidade artística e estimular a curiosidade intelectual.
Caracterização geral
Código
711021069
Créditos
6.0
Professor responsável
João Pedro de Bastos Gonçalves Cachopo
Horas
Semanais - 4
Totais - 168
Idioma de ensino
Português
Pré-requisitos
É aconselhável capacidade de leitura em inglês.
Bibliografia
AAVV, The Oxford Handbook of Western Music and Philosophy. Ed. T. McAuley, N. Nielsen & J. Levinson. Oxford: OUP, 2021.
ABBATE, C., “Music – Drastic or Gnostic?” Critical Inquiry 30 (2004), 505-36.
ADORNO, T. W., Essays on Music. Berkeley: UCP, 2002.
ARISTÓTELES, Poética. Trad. E. De Sousa. Lisboa: INCM, 2016.
ATTALI, J., Noise: The Political Economy of Music. Trad. B. Massumi. London: UPP, 2009.
BENJAMIN, W., “A obra de arte na época da sua possibilidade de reprodução técnica”. Trad. J. Barrento. In A Modernidade, 207-241. Lisboa: Assírio & Alvim, 2017.
BOWMAN, W., Philosophical Perspectives on Music. Oxford: OUP, 1998.
COOK, N., Beyond the Score: Music as Performance. New York: OUP, 2013.
GOEHR, L., The Imaginary Museum of Musical Works. New York: OUP, 2007.
HANSLICK, E., Do Belo Musical. Um contributo para a revisão da estética da arte dos sons. Trad. A. Morão. Lisboa: Edições 70, 1994.
JANKÉLÉVITCH, V., La Musique et l’ineffable. Paris: Seuil, 1983 [1961].
KANT, I., Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. de A. Marques e V. Rohden, Lisboa: INCM, 1992.
NIETZSCHE, F., O Nascimento da Tragédia. Trad. H. H. Quadrado e T. R. Cadete. Lisboa: Relógio d’Água, 1997.
PLATÃO, A República. Trad. e notas M. H. Rocha Pereira. Lisboa: Gulbenkian, 2001.
SCHOPENHAUER, A., O Mundo como Vontade e Representação. Trad. M. F. Sá Correia. Porto: Rés, s.d.
Método de ensino
As aulas são teórico-práticas. Terão momentos de exposição e momentos de debate, tendo como eixo a discussão de textos marcantes para a disciplina, bem como a problematização de conceitos e a apreciação de exemplos musicais, visuais ou audiovisuais. Dar-se-á particular importância ao desenvolvimento de competências reflexivas e argumentativas, acentuando a complementaridade entre pesquisa individual e discussão colectiva. A tónica será invariavelmente posta na relação entre os tópicos abordados e a vida musical e intelectual contemporânea na perspectiva do desenvolvimento de uma cultura musicológica abrangente e crítica.
Método de avaliação
A avaliação incidirá sobre:
1) frequência escrita (50%);
2) trabalhos escritos e respectiva discussão (50%);
3) participação em aula.
Conteúdo
0. Introdução:
Âmbito e problemáticas; a diferença entre filosofia da música e história das ideias sobre a música; a filosofia da música como interrogação sobre a natureza, o valor e o poder da música.
1. Da Antiguidade à Modernidade:
O lugar da música na mitologia clássica (os mitos de Ulisses e as Sereias e de Orfeu e Eurídice); a perspectiva pitagórica; afinidades e divergências entre Platão e Aristóteles sobre o papel da música na educação e na sociedade; música e tragédia; desdobramento da herança clássica em Agostinho e Boécio; a Querelle des Bouffons.
2. Idealistas, românticos e formalistas:
A música nos sistemas de Kant, Hegel e Schopenhauer; os conceitos de belo, sublime e génio; o “caso Wagner” e a fisiologia da arte de Nietzsche; o “musicalmente belo” segundo Hanslick.
3. Problemáticas contemporâneas:
A música como fenómeno histórico e social (Adorno e Attali); genealogia do conceito de obra musical (Goehr); do “inefável” (Jankélévitch) ao “drástico” (Abbate); música na era da sua reprodutibilidade mecânica (Benjamin) e digital (Bolter & Grusin); questões de interpretação e fidelidade (Gould, Cook).