Estética e Ontologia

Objetivos

i) leitura e análise de textos filosóficos fundamentais do pensamento moderno e contemporâneo sobre a arte
ii) identificação das categorias, conceitos e problemas implicados na reflexão filosófica sobre a experiência estética e a criação artística
iii) compreensão do contexto da emergência da Estética no seio do pensamento filosófico moderno
iv) compreensão crítica do contributo da Estética para a reflexão e o questionamento da cultura ocidental acerca de si mesma.

Caracterização geral

Código

722031042

Créditos

10.0

Professor responsável

António Jorge de Castro Caeiro

Horas

Semanais - 3

Totais - 280

Idioma de ensino

Português

Pré-requisitos

N/A

Bibliografia

Heidegger GA 4. Erläuterungen zu Hölderlins Dichtung (1936-1968) [1981]


Heidegger GA 5. Holzwege (1935-1946) [1977]


Heidegger GA 6.1 Nietzsche 1 (1936-1939) [1996]


Heidegger GA 12. Unterwegs zur Sprache (1950-1959) [1985]


Heidegger GA 39. Hölderlins Hymnen "Germanien" und "Der Rhein" (WS 1934-1935) [1980]


Heidegger GA 52. Hölderlins Hymne "Andenken" (WS 1941-1942) [1982]


Heidegger GA 53. Hölderlins Hymne "Der Ister" (SS 1942) [1984]


Hölderlin, Friedrich. Sämtliche Werke und Briefe, 3 vols. Michael Knaupp (2019). München, Carl Hanser Verlag.


Píndaro. Odes Olímpicas. (2017). Trad. António Caeiro. Lisboa, Abysmo.


Píndaro Odes. (2010). Trad. António Caeiro. Lisboa, Quetzal.


Safo, in Poesia Grega. (2020). Trad. Fred. Lourenço. Lisboa. Bertrand.


Theunissen, M. (2008). Pindar: Menschenlos und Wende der Zeit. C.H. Beck.


 


 

Método de ensino

The seminar sessions consist of a mixture of oral presentations, reading and discussion of the proposed texts. Assessment will take into account students' personal participation throughout the seminar sessions and will be based on a written assignment.

Método de avaliação

Trabalho escrito até 12000 caracteres sobre tema a escolher.

Conteúdo

ESTÉTICA E ONTOLOGIA


A lírica (arcaica - Safo, Alceu e Píndaro - e contemporânea - Trakl, Rilke e Hölderlin) não é um estilo literário com uma estética, mas projecta-se a partir de uma compreensão da vida. Procuraremos identificar os seus elementos ontológicos. “Som”, “ritmo”, “batida” e “melodia”, "consonância" e "dissonância" são palavras polissémicas. À letra têm um sentido, mas figurativa ou disposicionalmente acontecem numa outra dimensão radicalmente diferente. Para Nietzsche e Heidegger (GA 6.1) movemo-nos numa atmosfera disposicional afectiva musical. Fica logo por perceber o que acontece à correlação sensação auditiva-ausência de sóm, quando percebemos que, qualquer manifestação acústica apresenta volume sonoro, desde o audível até ao silêncio completo, bem como variações qualitativas de timbre. Mas haverá objectos que ultrapassam a matéria sensível acusticamente “audível”? O modo de ouvirmos ou escutarmos uma canção é diferente ao longo do tempo para a mesma pessoa e ao mesmo tempo para pessas diferentes. Mas não estamos nós também como que musicalmente dispostos ao longo de um dia? Não serão todas as situações da vida “objecto” e “sujeito” de uma “sinfonia”, depois dos acordes iniciais terem já soado a caminho dos acordes finais? A que corresponde esta música sem som? Os ritmos da vida, a aceleração e o abrandamento, a interrupção, o recomeço, são disso exemplo. A reprodução (mimēsis) lírica é diferente da que Platão propõe. Nietzsche e Heidegger reabilitam a lírica arcaica. É o que procuraremos ver com as leituras que Heidegger faz de Trakl (GA 12), Rilke (GA 5) e Hölderlin (GA 4, 39, 522, 53). Aí há uma parede fina a separar filosofia e poesia. Tanto o poeta pensa como o pensador faz. A lírica é o operador de abertura para o elemento radical e extremo onde o sentido se faz ouvir, onde se constitui e faz ser, onde se dá a compreender, como por vir.