Antropologia Visual

Objetivos

1) Abordar e definir o terreno dos usos da imagem em Antropologia, fazendo a ligação com o documentarismo, tido enquanto género cinematográfico, e com a prática de investigação antropológica.
2) Cruzar o percurso histórico de um género cinematográfico que criou uma identidade própria, associada à ideia de verdade e de autenticidade com as utilizações mais ou menos instrumentalizadas que a Antropologia académica foi fazendo dos usos da imagem.
3) Estimular a aprendizagem do olhar e da relativização metodológica das várias formas de apresentação da imagem. A perspectiva histórica permite que a estas esteja associado um contexto cultural e social de produção científica e / ou artística específicos.

Caracterização geral

Código

01101475

Créditos

6.0

Professor responsável

Catarina Sousa Brandão Alves Costa

Horas

Semanais - 4

Totais - 168

Idioma de ensino

Português

Pré-requisitos

Não se aplica

Bibliografia

BIBLIOGRAFIA GERAL ANTROPOLOGIA VISUAL

BANKS, Marcus, Howard Morphy (eds), 1999 [1997] Rethinking Visual Anthropology. New Haven, London: Yale University Press.

BANKS, Marcus, Jay Ruby (eds), 2011, Made to Be Seen. Perspectives on the History of Visual Anthropology. Chicago, London: The University of Chicago Press.

BARNOW, Eric, 1993 [1974], Documentary. A History of Non-fiction Film. New York: Oxford University Press.

HOCKINGS, Paul (ed.), 1975, Principles of Visual Anthropology, The Hague: Mouton.

MACDOUGALL, David, 1998, Transcultural Cinema. Princeton, NJ: Princeton University Press.

MACDOUGALL, David, 2006, The Corporeal Image. Film, ethnography and the senses. Princenton, NJ: Princeton University Press.

RIBEIRO, José da Silva, 2004, Antropologia Visual. Da minúcia do olhar ao olhar distanciado. Lisboa: Edições Afrontamento.

ROSE, Gillian, 2012, Visual Methodologies. An Introduction to Researching with Visual Materials, London, Thousand Oaks, California, New Delhi, Sage Publications.

HISTÓRIA DO DOCUMENTÁRIO

ELLIS, Jack C., and Betsy A. McLane, 2005, A New History of Documentary. Continuum.

GAUTHIER, Guy, 2000, Le documentaire, un autre cinéma, Nathan cinema, ed. Nathan.

MACDONALD, Kevin, and Mark Cousins, 1998,  Imagining Reality: The Faber Book of Documentary. London, Faber and Faber.

BARNOUW, Erik, 1993, Documentary: A History of the Non-Fiction Film. Oxford University Press.

CRÍTICA E ANÁLISE DE FILMES

DEVEREUAUX, Leslie and Roger Hillman (eds), 1995, Fields of Vision: Essays in Film Studies, Visual Anthropology, and Photography, Berkeley: University of California Press.

GRANT, Barry Keith, 1998, Documenting the Documentary: Close Readings of Documentary Film and Video (Contemporary Film and Television). Wayne State University Press.

ANTROPOLOGIA VISUAL

BANKS, Marcus and Morphy, H., 1997, Rethinking Visual Anthropology, Yale University Press.

CRAWFORD Peter I. and Turton, D, 1992, Film as Ethnography, Manchester University Press.

PINK, Sarah, Kurti, L. et al, (eds), 2004, Working Images. Visual Research and Representation in Ethnography, Routledge, London and New York.

TEORIA DO DOCUMENTÁRIO

NICHOLS, Bill, 2001, Introduction to Documentary. Indiana University Press,.

NICHOLS, Bill, 1991,  Representing Reality: Issues and Concepts in Documentary, Bloomington, Indiana University Press,.

RENOV, Michael (Ed) 1993, Theorizing Documentary. New York and London: Routledge.

 

Método de ensino

 


 As aulas são constituídas por apresentação teórica de uma problemática específica, visionamento de filmes relativos a esta e participação dos alunos na discussão:



1) apresentação de questões e pistas para compreender o filme, excerto de filmes ou ensaios visuais e fotográficos apresentados e projeção dos mesmos,
2) apresentação do enquadramento histórico destes materiais. Para cada uma das sessões é fornecido um texto previamente que contextualiza e desenvolve ideias para as questões a analisar.

Método de avaliação

AVALIAÇÃO antropologia visual 2023-2024

TRABALHO ESCRITO EM AULA 40%

TRABALHO PRÁTICO (inclui processo de trabalho, discussão e participação em aula) 60%
Fases

- pesquisa e definição do tema
- Personagem
- local e ambiente

Apresentação da ideia / envio de pequeno texto (6 Março)

- rodagem

Discussão de material em aula

- construção narrativa
- montagem

Apresentação do exercício final
Entrega de relatórios finais




Conteúdo

1- Introdução e apresentação. Breve contextualização histórica da antropologia visual, filme etnográfico e sua relação com a história do documentário como género cinematográfico. O sonho positivista e o “cinema of attractions”. A questão do advento do documentário: a tradição francesa do documentaire e nos EUA, a tradição dos exploradores.


Filme: Edward Curtis, In the Land of the Head Hunters (1914) e Jean Rouch, Petit à Petit (1979).


Texto: Barbosa, A. e Cunha, E. (2006), Antropologia e Imagem. Zahar Editora, São Paulo


 


2- A tradição romântica americana. Da viagem à narrativa. O arquétipo Homem vs Natureza. Flaherty: romantismo, personagem e narrativa. O documentário como movimento que corresponde a uma verdade: a década de 1930, a ideia de reconstrução do passado e o caso de Asen Balicki.


Filme: Nanouk of the North, Robert Flaherty (1922, 79’)


Texto: Rothman, William (1997), “Nanook of the North” in Documentary Film Classics, Cambridge University Press, 1-21.


 


3- A tradição propagandística soviética. A retórica da montagem em documentário. Dziga Vertov (1896-1954): o projecto revolucionário Kino-Pravda. Contexto artístico dos anos 20: dadaísmo, surrealismo, futurismo, construtivismo, cubismo. Importância da Forma, noção de Colagem, horror ao realismo, manipulação do Real. Douro Faina Fluvial, Manoel de Oliveira, exemplo do subgénero “sinfonias urbanas”.


Filme: The Man with a Movie Camera (1929, 68’) (Dziga Vertov)


Texto: Hicks (2007) Dziga Vertov, defining documentary Film, Kino, The Russian Cinema Series.


 


4- A Antropologia Visual, diferentes perspectivas presentes na obra Principles of Visual Anthropology, 1972. Mead e Bateson, filmes realizados em 1936 numa perspectiva comparada entre Bali e a Nova Guiné. O visual e o performativo em rituais de possessão: o caso de MayaDeren e do filme Divine Horseman (1947).


Filmes: Bathing babies in three Cultures, M. Mead e G. Bateson, 12 min.; Childhood Rivalry in Bali and New Guinea, M. Mead e G. Bateson, 17 min; Trance and Dance in Bali, M. Mead e G. Bateson, 22 min.; The Hunters, John Marshall, 1957, 70 min.


Texto: Mac Dougall, David (1997) “The Visual in Anthropology” in Banks, M and Morphy, H. (eds) Rethinking Visual Anthropology. Yale University. Pag. 1-­‐35;


 


5- Cinema de observação e Jean Rouch. O trabalho com os Dogon, cerimónias e possessão,  Jean Rouch e uma cine-antropologia partilhada, contexto de produção da obra e influências para a Antropologia. Visionamento de excertos do seu trabalho etnográfico. O etnólogo como realizador. Éticas e políticas do  uso do filme em Antropologia. A questão colonial no filme etnográfico da época, a excepção de Rouch.


Filmes : Bataille sur la grand Fleuve, 1950, Jean Rouch, 33 min; Les Maitres Fous 1955, 36’, Jean Rouch; Cocorico, Monsieur Poulet, 1974, 93’ Jean Rouch; Rouch’s Gang (Documentary about Rouch’s making off in the Madame L’Eau film).


Texto: Henley, Paul “Inspired Performance” in The Adventure of the Real. Jean Rouch and the Craft of Ethnographic Cinema, Chicago University Press, pag 254-291.


 


6- British Free-Cinema e as social realist features. Um olhar critico sobre a sociedade britânica. Contexto político e social da época. Realismo social, um comentário poético e humano ao universo da working class inglesa. Visionamento de um excerto de “Belarmino” de Fernando Lopes (1964): influências do free cinema no cinema português.


Filmes:  We Are the Lambeth Boys, 1959, 53’, Karel Reisz,; Everyday Except Christmas, 1957, 37’, Lindsay Anderson.


Texto: Ellis, Jack and Betsy A. Mc Lane, 2007 “British Free Cinema and the Social-realist features” in, A New History of Documentary Fim, Continuum, pag  196-207.


 


7- Cinéma Vérité: o cinema como catalizador da realidade. Provocação e etnoficção: questões de fronteira no trabalho da entrevista e do inquérito sociológico no filme Chronique d’un Été. O som directo e a aventura do vérité. Michel Brault, câmara e a experiência prévia: Les Raquetteurs, o filme. Jean Rouch e Morin, uma reflexão auto-reflexiva: influências do kino-pravda. Etnoficção, o caso do filme Transfiction.


Filme:  Chronicle of a Summer (1961, 85’), Jean Rouch and Edgar Morin.


Texto: Henley, Paul “ Chronicle of a Violent Game” in The Adventure of the Real. Jean Rouch and the Craft of Ethnographic Cinema, Chicago University Press, pag 145-175.;


 


8- Cinema Directo nos EUA. Frederick Wiseman e o estudo das instituições ocidentais. Estilo e trabalho de câmara, personagens e construção da narrativa. Temáticas do novo documentário observacional e as políticas do anos 1960. Conclusões acerca das relações entre a história do documentário enquanto género cinematográfico e a Antropologia enquanto território académico.


Filmes: High School, 1968, 75’ e Titicut Follies 1962 Frederick Wiseman.; Cinéma vérite: Defining the moment (1999), Peter Wintonick ; Salesman, 1968, 85’, Maysles Brothers.


Texto: Ellis, Jack and Betsy A. Mc Lane, 2007 “Direct Cinema and Cin, Aestheticsnd the Espective. Rh a contemporary perspective. Rhetorics, Politics and the etics of filmmaking.inéma Vérité” in, A New History of Documentary Fim, Continuum, pag  208-227.


 


9- Cinema Indígena e Participativo: o caso do Vídeo nas Aldeias. Sensorial Turn e Corporeal Cinema: David MacDougall. O futuro da Antropologia Visual no contexto da Antropologia e do Documentarismo.


Texto: Gallois e Carelli (1995) "Vídeo e diálogo cultural- experiência do projeto vídeo nas aldeias, Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 1, n 2, p 61-71.; Landesman,


 


10- Abordagem à Prática e aos modos de fazer.


 


11 e 12 Discussão e Apresentação de trabalhos práticos dos alunos.


 

Cursos

Cursos onde a unidade curricular é leccionada: